26 abril 2005

Fogo de artifício político...

Nas comemorações do 31.º Aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974 no Seixal (terra onde o sol nasce "abichanado"), dirigi-me a um local remoto da Amora, de seu nome - Atrás das Hortas (que se situa na margem esquerda do rio Judeu, i. e., do lado da Amora), por forma a observar o lindissímo fogo de artifício que é lançado habitualmente todos os anos nesta data.
Fui (muito bem) acompanhado pela minha namorada e permanecemos lá durante alguns minutos para observar o tão belo fogo de artifício.
Do outro lado do rio Judeu, ouvia-se o final do concerto do Paulo de Carvalho, já que aproximavamo-nos da meia-noite (hora a que normalmente se lançava o fogo de artifício, pelo menos nos anos anteriores). A última canção, disse Paulo de Carvalho, é obviamente - E depois do Adeus!
Acabou a canção já depois da hora a que era suposto o lançamento do magnífico fogo de artifício...
Muitas palmas...
Paulo de Carvalho despede-se do público...
E entra no palco o apresentador do espectáculo (pelo menos era eu que pensava que era o apresentador do espectáculo)...
Mas não era o apresentador do espectáculo...
Era, sim, o presidente da Câmara Municipal do Seixal...
Digo eu, não sei...
E não sei porque encontrava-me a cerca de 2 a 3 km de distância (em linha recta), por isso, não tive a possibilidade de ver quem era o "artista"...
Pois bem, o senhor que entrou no palco depois da canção "E depois do Adeus" esteve a discursar cerca de meia-hora, fazendo um "fogo de artifício político" ao qual, a maioria das pessoas, não estava nada à espera que acontecesse... O que é verdade é que aconteceu! E foi triste! Ver uma marginal (do lado amorense) e ouvir uma multidão assobiando (do lado seixalense, onde se realizou o espectáculo), desejosos que aquele mamífero acabasse o discurso para que se desse início ao tão desejado lançamento do fogo de artifício.
O que é curioso é que este senhor, durante o seu discurso, fez referência às "grandes" obras realizadas no concelho e, principalmente, à juventude (puxando, desta forma, pela juventude que se encontrava presente).
E porquê o tão grande empolamento à juventude? Ora, se a seguir ao Paulo de Carvalho iam actuar os Da Weasel, a faixa etária devia rondar os 60/70 anos de idade (quiça mais velhos ainda), não seria?
Mas este discurso não foi em vão, sabem porquê?
Pois claro! É por isso mesmo! Vamos ter: ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS este ano!
Vergonha teria eu se manchasse uma festa tão bonita, quanto é a comemoração do 31.º Aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974, a vomitar propaganda política para cima das pessoas que foram lá para assistir a um espectáculo de um cantor tão simbólico e de uma banda tão revolucionária, só porque (por acaso) encontramo-nos num ano de eleições autárquicas. Por outras palavras, preferia encher a cara de merda...
Tenham vergonha!
Ah! E "by the way" o fogo de artifício foi um nojo, comparando com os anos anteriores!
Tenho dito! Fui!

Branco (a.k.a. Jefferson Fitipaldi)