03 maio 2016

Ah! As listas provisórias...


Após dois anos seguidos sem concorrer ao Concurso de Docentes, vi-me obrigado a concorrer novamente. É este o meu Plano B se a crise petrolífera se agravar.
Hoje foram publicadas pela Direcção-Geral da Administração Escolar as listas provisórias de ordenação. Como só possuo habilitação profissional para dois grupos de docência (250 - Educação Musical e 610 - Música), não posso concorrer a outros grupos de docência com habilitação própria. Não sei se esta medida é do actual governo, mas desconfio que tenha sido uma medida tomada pelo (de todo) saudoso Ministro da Educação - Nuno Crato. Aquele em que toda a gente depositava a maior confiança de que ele seria o único que traria de volta a dignidade e honra para os profissionais da Educação no nosso país. Era nele que estavam depositadas as mais sinceras esperanças de que ele iria tornar a docência mais digna e honrar os compromissos que tanto prometeu, aquando da sua tomada de posse. Era ele que escrevia várias vezes no seu blog e nas suas crónicas mediáticas que a Educação tinha de mudar rapidamente. E, de facto, mudou. Para pior, é certo. Mas mudou! E se pensávamos que Maria de Lurdes Rodrigues tinha sido uma má Ministra da Educação, Nuno Crato conseguiu superá-la sob todos os aspectos.
Vejo, ainda hoje, que há sempre uma aura especial à volta dos Ministros da Educação. Sobretudo quando tomam posse. Essa aura é composta de vários sentimentos por parte dos docentes. Sentimentos bonitos, até. A Esperança é sempre o sentimento que lidera dado que, qualquer docente que se encontre a trabalhar (e até mesmo aqueles que se encontram desempregados, como é o meu caso - sim, eu sou um professor desempregado no meu país e não, não recebo subsídio de desemprego), espera que os novos ministros que tutelam a pasta da Educação dignifiquem a profissão, dêem condições de trabalho para os docentes e demais assistentes operacionais, bem como, outros agentes da comunidade escolar, permitam que a Educação seja uma prioridade, não só para os governos mas também para os outros órgãos de soberania nacional e para todos os agentes da comunidade escolar - professores, assistentes operacionais, encarregados de educação, autarquias, et caetera. Mas deixêmo-nos de discursos bonitos, até porque a realidade é bem diferente daquela que me encontro aqui a expor (ou a fantasiar, se preferirem).
As listas provisórias de ordenação que hoje foram publicadas trazem-me algumas dúvidas, pois todos os candidatos que ali estão ordenados encontram-se em 2.ª prioridade. Então onde estão os outros candidatos (os de 1.ª prioridade)? Faço esta pergunta porque assumidamente leio pouco dos regulamentos concursais. Aliás, leio apenas o que me convém, isto é, leio apenas onde a minha actual situação se enquadra (sim, sou um preguiçoso do caneco). Se estas listas provisórias de ordenação se equipararem às listas provisórias de concursos de outros anos, significa que eu até nem estou nada mal nas posições que ocupo nas duas listas dos respectivos grupos de docência. Isto é, para que fiquem sabendo as minhas posições são as seguintes:
  • Grupo 250 - Educação Musical (2.º Ciclo) - 319º
  • Grupo 610 - Música (3.º Ciclo) - 57º
Nada mau para quem não concorre durante 2 anos consecutivos? Digo eu que não percebo nada disto...
No fundo, venho aqui pedir-vos para que me desejem sorte. Pode ser que até seja surpreendido com uma colocação com um horário completo. Será pedir muito?
Tenho muitos amigos que me perguntam: "Se pudesses voltar a ser professor, aceitavas?"
Esta pergunta compreende alguns factores que me levariam a decidir se voltaria ou não a ser professor. A lista que se segue indica os principais factores por ordem de prioridade duma eventual aceitação de colocação:
  1. Horário Completo - Aceitaria na hora!
  2. Proximidade de Casa - Até 50km nem sequer pensava duas vezes!
  3. Ciclo de Ensino - Prefiro o 3.º Ciclo ou o Ensino Profissional em detrimento do 2.º Ciclo, sem sombra de dúvidas!
É claro que, mesmo com horário completo, o ordenado que receberia, comparativamente àquele que recebo onde me encontro actualmente a trabalhar, é completamente diferente (se algum de vós está neste momento a perguntar-se se é mais alto ou mais baixo, o de docente é definitiva e manifestamente mais baixo). Isso, de facto faz muita diferença. Mas, e esta é uma das provas de que o dinheiro não traz felicidade, eu preferia voltar a ser docente. Ser professor é algo que eu considero, com toda a sinceridade, ter vocação. Adoro levar os meus alunos e, por vezes, alguns colegas até ao limite. Explorar estratégias e métodos novos. Desenvolver competências para além daquelas que se encontram escarrapachadas nos programas emanados pelo Ministério da Educação. Fortalecer os laços com todos os agentes da comunidade escolar e da própria comunidade extra-escolar. Demonstrar que a Escola não é apenas um edifício ou mais uma instituição de certa localidade. A Escola é muito mais do que isso. É uma entidade global. É um mundo no mundo. É um local onde se aprende, convive, celebra, entreajuda-se e onde se fazem actividades que dotam os alunos com capacidades que a grande maioria deles desconheciam que poderiam vir a criar e a desenvolver. É onde se promove constantemente o potencial dos alunos, dos assistentes operacionais, dos docentes, das direcções escolares, das autarquias e até mesmo do governo central. É onde, fundamentalmente, os alunos sonham e nós estamos lá para alimentar esse mesmo sonho. Tanto que se pode fazer numa escola, por uma escola.
É com esta última mensagem que me despeço. Vamos ver o que me reserva o futuro. Pode ser que o Plano B nunca seja preciso e assim espero que aconteça. E se acontecer, estarei lá no 1.º de Setembro para me apresentar ao serviço.