19 janeiro 2009

(Não tão breve) Nota de Esclarecimento

Pois é! Tenho estado ausente durante tanto tempo porque tenho estado num período de introspecção, porque esta questão de ter um blog que tem (pseudo) piadas e que são escritas num discurso que, na sua grande parte se caracteriza por parvo, forçou-me a gastar alguns neurónios.

Perdi-me em pensamentos que passam pelo encerramento ou por uma reformulação ou reestruturação do blog por pressões externas. Pressões essas que surgem:

a) numa altura em que já está esquecida a minha aparição na TV no Programa Sempre em Pé da RTP2;

b) quando a minha profissão, enquanto formador e educador, lida com jovens que frequentam o ensino público;

c) num período em que a mesquinhez e sensibilidade de algumas pessoas farão corar qualquer "Lápis Azul" do Antigo Regime.

Estas mesmas pressões são difíceis de aguentar mas, contudo, já eram previsíveis, quando decidi aceder ao convite da produção do programa Sempre em Pé e daí a exposição mediática que isso traria e como ela própria se iria reflectir no meu trabalho com colegas (professores e funcionários) e, sobretudo, com os alunos e respectivos encarregados de educação. Confesso que já previa que algo iria acontecer e, por isso, não estou de todo surpreendido que elas (as pressões), invariavelmente, surjam. Estava e estou preparado para isso!

Todavia, gostaria de vos expor alguns dos pensamentos que se me atravessaram pela mente durante este período de introspecção que atravessei. Assim, começaria por explicar quais as razões que me levaram a criar um blog: eu criei este blog, não por ter a mania que sou engraçado, mas porque senti a necessidade de inscrever na história da minha vida e de partilhar as minhas experiências, que eu considerei e considero mais engraçadas que tive enquanto profissional da educação contratado, que viajou por este país fora em busca duma contratação ou efectivação num Quadro da Função Pública perto de casa. Sim, porque é isso que qualquer professor contratado e com contas para pagar mais deseja. Para além das experiências quis sempre partilhar as minhas opiniões e as minhas críticas em relação a tudo, e quando escrevo tudo, é mesmo tudo! E isso prende-se com a Liberdade de Expressão adquirida constitucionalmente em Portugal por alturas da Revolução dos Cravos, revolução esta que algumas pessoas que passaram por ela já esqueceram e que pessoas que nasceram posteriormente julgam que sabem o que foi e do que se tratou e não respeitam na totalidade os valores que nela estavam inscritos, fazendo-se passar por revolucionários e por praticantes dogmáticos das "L. I. F." (Liberdade, Igualdade e Fraternidade - para os mais intelectuais e amantes da História, Liberté, Egalité et Fraternité. Gostaram? Espectáculo!). Mas, enfim, não posso fazer nada quanto a isso, a não ser transmitir esses valores dia-a-dia aos meus alunos e às novas gerações que virão.

Depois, existe na cabeça de algumas pessoas a ilusão e a confusão de que aquilo que eu sou enquanto pessoa fora da escola, cidadão comum – Hélio Branco, sou também quando exerço a minha profissão que se enquadra num contexto mais específico, onde se educam jovens, pessoas, cidadãos deste país que serão os Homens de amanhã. Essas pessoas, pensam que eu sou, dentro da escola, a mesma pessoa que sou fora da escola. Isso, caros amigos, é um raciocínio completamente errado. É errado porque quando passo daquele portão para dentro sou uma pessoa completamente diferente, com uma missão, com um propósito, com um objectivo único de ensinar, de transmitir os meus conhecimentos técnicos sobre a disciplina que lecciono, de transmitir a minha moral, de formar jovens com os sentidos de responsabilidade, cidadania, humildade, honestidade, corporativismo, entre outros valores que hoje em dia estão a cair em desuso. Dentro daqueles portões sou uma pessoa diferente por tudo isso! Cá fora sou aquilo que sou: o tipo que tem da mania que é engraçado, o tipo que está sempre disposto a dois dedos de conversa, o tipo que gosta de sair à noite com os amigos, o tipo que gosta de um bom petisco, o tipo que gosta de jogar horas e horas na Playstation, o tipo que gosta de fazer vela, o tipo que gosta de ouvir música nos bons e maus momentos, o tipo que gosta de escrever baboseiras no seu blog, o tipo que é igual a tantos outros tipos, mas que por ter a profissão que tem, já não pode ser igual aos outros tipos porque na mente de algumas pessoas isso é errado.

No fundo, e no meio de alguma amargura em saber que há pessoas com esta mentalidade, acho piada a isto. O facto de me ter remetido, quase como obrigação, a alguns momentos de introspecção, fez-me concluir que a minha vida (tendo em conta a profissão ou não) até tem as suas curiosidades…

Para concluir, penso que não devia deixar de escrever no meu blog. Penso até que não o devia destruir ou eliminar. Tenho consciência que o meu blog é lido por pouca gente. Gostaria que fosse lido por muito mais gente, não para o poderem valorizar, mas para poderem conhecer um pouco mais de mim. Coloco lá aquilo que eu gosto, aquilo que me faz rir e, sobretudo, aquilo que eu sou. Quem não gosta, tem bom remédio, “clica” com a seta do rato na cruz do canto superior direito da janela. Ainda assim, a esses, agradeço a sua visita. A todos os outros, que gostam do meu blog, que gostam das mesmas coisas que eu e que gostam de mim, o meu mais sincero obrigado por me deixarem partilhar convosco, nada mais, nada menos, aquilo que sou…

Tenho dito! Fui!