31 maio 2004

Não queiram ser doutores!

Meus amigos estudantes, não queiram ser doutores! Ok? A minha mensagem é simples e é a seguinte: Não acabem o curso! Deixem-se estar como estão porque estão muito bem! A sério, fiquem a estudar durante setenta anos se possível! Eu apoio a campanha do governo: “Não ao abandono escolar”! É porque quando nos tornamos doutores, engenheiros, arquitectos, professores, isto é, licenciados em geral, tornamo-nos numas bestas de todo o tamanho! Eu sei, deveria ser ao contrário, mas não. Tornamo-nos fúteis, desprovidos de vida própria e temos que ser pessoas de bem, porque os antigos licenciados já o eram e já o foram! Vocês, por acaso, sabem qual é a sensação de querer fazer coisas que antes faziam e agora, por causa do estatuto de licenciado, não podem fazer? Sabem qual é essa sensação? Não sabem, mas virão a saber dentro em breve quando acabarem o vosso curso. É porque quando um gajo era estudante, tinha desculpa para tudo: para dar arrotos em público, para tirar macacos do nariz, para coçar a “tomateira”, para dar uns peidos e para dar umas quecas na namorada alheia. Hoje, depois de licenciados, um gajo tem que arrotar para dentro, tem que tirar um lenço ranhoso do bolso para deitar a “nhaca” toda para fora do nariz, tem que andar com as pernas a roçar uma na outra para que haja uma maior fricção na zona da “tomatanga”, tem que tossir para dar umas flatulências (por que, depois de sermos licenciados já não se chamam peidos, nem gases) e tem que dar umas quecas na própria mulher, porque senão é adultério. É assim é, meus amigos, a vida de estudante é que é boa! Ainda me recordo dos concursos de arrotos que fazíamos lá em casa, à noite, depois de termos deitado abaixo as cinco “litrosas” que estiveram a estagiar dentro do frigorífico durante os seis primeiros meses do ano lectivo. E a combustão de peidos que fazíamos logo de manhã, ainda ressacados, depois de uma noite de bebedeira nos UFO’S (Bar em Beja)! E quando os queimávamos aquilo dava uma chama linda! E o coçar de tomates que fazíamos despreocupadamente sempre com o acompanhamento de uma boa “escarradela” verde-vivo. E as noites a tirar macacos do nariz a ver telenovelas venezuelanas (ou um qualquer filme pornográfico sacado da net)… E, por fim, as horas que passámos em casa da amiga da prima do namorado da sobrinha que, por sua vez, era vizinha do namorado da amiga com quem nós estávamos deitados! Essas noites não voltam para trás! Nem os dias em que passávamos a telefonar para elas a ver se já tinha chegado o “chico"… se o “Benfica jogava em casa”… se a “máquina de escrever estava a escrever a vermelho”… Esses é que são os tempos que eu recordo, mas tudo isso acabou por causa de um diploma "cagado" que, mais tarde ou mais cedo, irá dar-nos de comer...
Tenho dito! Fui!

Branco (a.k.a. Jefferson Fitipaldi)